Um <em>best</em> escândalo nos EUA
Para a Casa Branca, «Bush é um líder, que actua com determinação»; para Paul O'Neill, ex-secretário norte-americano do Tesouro, é uma calamidade.
A «apatia» do presidente revelou-se uma constante
Paul O'Neill lançou no passado fim-de-semana um livro de memórias, intitulado «O Preço da Lealdade», verdadeiramente demolidor para a imagem do presidente norte-americano. O livro, escrito pelo jornalista do «Wall Street Journal», Ron Suskind, a quem O’Neill entregou 19 mil páginas de documentos, não poupa críticas à condução política de Bush, denunciando a sua incapacidade para o cargo que ocupa.
É a primeira vez que um membro do partido republicano, que elegeu Bush, assume uma tal posição.
Entrevistado pela cadeia de televisão CBS, o antigo secretário norte-americano do Tesouro afirmou que a posição do presidente norte-americano foi sempre de total apatia nas reuniões, mais parecendo «um cego numa sala cheia de surdos», o mesmo sucedendo nos encontros a sós com os membros do governo.
Paul O'Neill assegura que Bush se manteve calado na primeira reunião destinada a definir a política fiscal e financeira do governo, limitando-se a ouvir. A «apatia» do presidente revelou-se uma constante, segundo O’Neill, o que obriga os membros do governo a tentarem adivinhar constantemente o que se passa na sua cabeça.
Ataque ao Iraque sem provas
Mas revelações do ex-secretário do Tesouro não se ficam por aqui. Depois de ter garantido à CBS que o derrube do regime de Saddam Hussein tinha sido decidido nas primeiras semanas da actual administração norte-americana, Paul O’Neill afirmou, em declarações à revista «Time», nunca ter visto, enquanto esteve no governo, «verdadeiras provas» da existência de armas de destruição maciça no Iraque.
«Nunca vi nada nos relatórios dos serviços de informação que pudesse qualificar como verdadeira prova», afirmou O’Neill. «Havia informações e hipóteses expressas por várias pessoas, mas eu não nasci ontem e sei reconhecer a diferença entre uma prova e hipóteses ou conclusões que se podem tirar a partir de um conjunto de presunções», disse.
Em resposta às graves acusações de Paul O'Neill, a Casa Branca limitou-se a dizer que o antigo secretário do Tesouro «não foi posto ao corrente» de todas as informações sobre o Iraque, e a afirmar que Bush é um líder, que actua com determinação.
Paul O’Neill abandonou o governo em Dezembro de 2002 por discordar da redução de imposto, que, segundo defendia, iriam prejudicar a economia norte-americana.
«O Preço da Lealdade», que já é sem dúvida um best escândalo, deixa implícita uma questão: se Bush é pouco mais do que um mentecapto, quem conduz a política dos EUA?
O fiel Blair
Entretanto, do lado de cá do Atlântico, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, sempre fiel a Washington, admitiu no início da semana que as alegadas armas de destruição maciça iraquianas podem nunca ser encontradas. Desta vez, o argumento é o tamanho do Iraque.
«Num país duas vezes maior do que o Reino Unido, não é de espantar que não encontremos o local onde o material está escondido», afirmou Blair em entrevista à BBC.
Confrontado com a hipótese de se ter enganado quanto à ameaça de tais armas, Blair respondeu que «actualmente, não podemos dizer isso. O que podemos dizer é que recebemos informações sobre os programas de Saddam e sobre as armas, e que agimos em consequência».
Aparentemente, o primeiro-ministro britânico já se esqueceu ter garantido no parlamento do seu país que tinha visto «as provas» que serviram de pretexto a Washington e Londres para justificar o ataque ao Iraque, em Março de 2003, e a consequente ocupação do país.
É a primeira vez que um membro do partido republicano, que elegeu Bush, assume uma tal posição.
Entrevistado pela cadeia de televisão CBS, o antigo secretário norte-americano do Tesouro afirmou que a posição do presidente norte-americano foi sempre de total apatia nas reuniões, mais parecendo «um cego numa sala cheia de surdos», o mesmo sucedendo nos encontros a sós com os membros do governo.
Paul O'Neill assegura que Bush se manteve calado na primeira reunião destinada a definir a política fiscal e financeira do governo, limitando-se a ouvir. A «apatia» do presidente revelou-se uma constante, segundo O’Neill, o que obriga os membros do governo a tentarem adivinhar constantemente o que se passa na sua cabeça.
Ataque ao Iraque sem provas
Mas revelações do ex-secretário do Tesouro não se ficam por aqui. Depois de ter garantido à CBS que o derrube do regime de Saddam Hussein tinha sido decidido nas primeiras semanas da actual administração norte-americana, Paul O’Neill afirmou, em declarações à revista «Time», nunca ter visto, enquanto esteve no governo, «verdadeiras provas» da existência de armas de destruição maciça no Iraque.
«Nunca vi nada nos relatórios dos serviços de informação que pudesse qualificar como verdadeira prova», afirmou O’Neill. «Havia informações e hipóteses expressas por várias pessoas, mas eu não nasci ontem e sei reconhecer a diferença entre uma prova e hipóteses ou conclusões que se podem tirar a partir de um conjunto de presunções», disse.
Em resposta às graves acusações de Paul O'Neill, a Casa Branca limitou-se a dizer que o antigo secretário do Tesouro «não foi posto ao corrente» de todas as informações sobre o Iraque, e a afirmar que Bush é um líder, que actua com determinação.
Paul O’Neill abandonou o governo em Dezembro de 2002 por discordar da redução de imposto, que, segundo defendia, iriam prejudicar a economia norte-americana.
«O Preço da Lealdade», que já é sem dúvida um best escândalo, deixa implícita uma questão: se Bush é pouco mais do que um mentecapto, quem conduz a política dos EUA?
O fiel Blair
Entretanto, do lado de cá do Atlântico, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, sempre fiel a Washington, admitiu no início da semana que as alegadas armas de destruição maciça iraquianas podem nunca ser encontradas. Desta vez, o argumento é o tamanho do Iraque.
«Num país duas vezes maior do que o Reino Unido, não é de espantar que não encontremos o local onde o material está escondido», afirmou Blair em entrevista à BBC.
Confrontado com a hipótese de se ter enganado quanto à ameaça de tais armas, Blair respondeu que «actualmente, não podemos dizer isso. O que podemos dizer é que recebemos informações sobre os programas de Saddam e sobre as armas, e que agimos em consequência».
Aparentemente, o primeiro-ministro britânico já se esqueceu ter garantido no parlamento do seu país que tinha visto «as provas» que serviram de pretexto a Washington e Londres para justificar o ataque ao Iraque, em Março de 2003, e a consequente ocupação do país.